
Eis que chega um dos
dias mais emblemáticos: o dia dos 90 kms...(sugerido pelo guia bicigrino...)
Mais uma vez passou o previsto..ficando nos 96... O dia começou para o
"torto" com a perda da minha toalha de banho... É verdade, roubaram
me a toalha de banho em pleno estendal do albergue... Deixou-me fulo nos
primeiros 15 kms, onde até andei a perguntar a todos os peregrinos se sabiam de
alguma coisa...Escusado será dizer que não tive sucesso e só me dava cabo do
ritmo com tanto pára e arranca... A certa altura desisti de perguntar e comecei
a ter de aceitar uma alternativa à toalha: a T-shirt do 3º equipamento que até
agora não tem sido útil (era mais a pensar na eventualidade de chuva em dias
seguidos, 2 equipamentos tinham chegado). Não podia deixar que esta perda me afetasse
o dia! Estou aqui para aproveitar os locais, não para me stressar. Posto isto,
toca de tirar umas fotos à subida do dia, que tão bem me aguardava no meio de
planícies. O caminho passa então a ser bastante plano e recto, com alcatrão à mistura,
também.
Encontro novamente 3
bicigrinos, um deles tinha perdido um parafuso no suporte de carga...toca de
darmos algum auxílio, com umas braçadeiras, só para aguentar mais um pouco...
(faz-me lembrar eu no caminho Português...) ainda fiz uns kms com ele (just in
case, enquanto os outros dois avançaram), até que este foi a uma drogaria e eu
segui caminho... Lá encontrei novamente os outros 2 e acabámos por fazer
bastantes kms juntos, kms estes que envolviam rectas intermináveis (uma
delas com 13 km, sem nada à volta!) e com vento pela frente. Principalmente em
estrada usámos a técnica de irmos em linha, alternando o que ía à frente a
rasgar o vento! Deu para ir à volta dos 30 km/h! E não, não se perdeu nada de
vista...são campos gigantes com vários kms sempre iguais... Foi um trabalho de
equipa muito porreiro.

Aos meus 80 kms parámos
para almoçar (14h) e, claro, muito convívio, nomeadamente com outros peregrinos,
até que olhei para o relógio e..."amigo não empata amigo"... fui
andando, pois estava com mais 10 kms nas pernas que eles e não queria chegar ao
albergue muito depois das 16 horas (mais para preparar as tralhas também, já
que vim a saber que no final dos meses o número de peregrinos diminui -têm de
ir trabalhar- e como tal há muitas vagas nos albergues... Lá fui fazendo os
restantes kms nas calmas, para amanhã ainda ter pernas...

De notar que o pó tem
ensopado o óleo da corrente e nestas etapas mais rápidas (mais pó) chego a ter
de passar um pano na corrente (tirar a maior) e acrescentar óleo... Já em
Sahagún encontrei-me mais tarde com o Isaac (Galego), Filipo e Juan (os
companheiros das rectas) para jantarada que ainda assim, com o menu de
peregrino saiu em conta! Acabei o dia bastante partido dos sprints contra o
vento, mas se não fosse estarmos juntos ainda tinha sido pior (aborrecido, pelo
menos...)
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